Cidade inteligente não é apenas ter sinal de internet “gratuito” em ambientes públicos

Embora seja um termo de venda fácil, implantar um plano de cidade inteligente de forma adequada requer um alto grau de conhecimento técnico e geográfico (espaço, clima, costumes e necessidades).

Não existe uma “receita de bolo” para a implantação de uma cidade inteligente, as soluções aplicadas em cidades Australianas não se aplicam para o contexto de cidades Brasileiras, Canadenses ou dos EUA e vice versa, todas regiões possuem contextos e necessidades diferentes que obriga a união entre as diferentes áreas de estudos, fazendo com que a tecnologia seja apenas um meio que irá proporcionar a integração entre os setores que movem o meio urbano.

Uma cidade não pode ser denominada inteligente sem o investimento adequado em software, hardware e armazenamento de dados, sensores são elementos básicos para a coleta de dados em uma cidade, porém é necessária a estrutura de rede adequada para realizar e suportar a conexão entre os mesmos. Dentre os passos essenciais para a implantação de projetos de cidades inteligentes, podemos citar: elencar necessidades sociais e ambientais, definição de: prioridades, dispositivos envolvidos, interfaces de disponibilização e captura de dados, arquitetura de software, modelagem de dados, alocação de times, escopo e orçamento, prazos, metodologias de projeto e planejamento de manutenção. Estes elementos são um “divisor de águas” entre as falácias e projetos reais.

É muito importante que o plano base esteja alinhado com a proposta de gestão do município, desta forma o desenvolvimento dos projetos não se limitam (e nem devem) às iniciativas privadas, que como todos sabemos, no meio capitalista a meta é o lucro financeiro. Vale ressaltar que devemos embasar-se na inclusão social e na adaptação da interação homem-máquina, porém a máquina servindo ao homem e não o contrário. Não deve-se exigir dos moradores da cidade uma adequação aos elementos que irão compor a “Smart City”, pois como já citado anteriormente, a tecnologia deverá funcionar de forma transparente e adaptativa ao meio que está sendo implantada, pois a inteligência neste contexto está ligada à harmonia da interação entre os habitantes e os elementos urbanos.

Por outro lado, iniciativas de tornar cidades de crescimento desordenado em cidades inteligentes traz consigo um viés empreendedor, capaz de fomentar a integração entre as diferentes áreas que abrange, porém não se limita ao mundo do desenvolvimento de software, no qual vai desde a gestão de projetos, desenvolvimento de ferramentas de código aberto, segurança da informação, mineração de dados, até o estudo urbanístico. O poder transformador de projetos de tal natureza se torna maior que o propósito inicial, e isso é o que podemos chamar de inteligência urbana.

O título deste texto traz uma reflexão importante sobre o termo conectividade. No contexto de cidades inteligentes a conectividade deverá promover uma melhor interação entre o homem e o espaço público e não entre dispositivos, em outras palavras, a cidade não deve criar mecanismos que venham a depender exclusivamente dos objetos pessoais (smartphones, tablets, etc.).

Por: Yrineu Rodrigues