Sabemos que a Natureza, a Sociedade e a Humanidade evoluem em ciclos. E evolução aqui não significa dirigir-se para um estado melhor. Apenas diferente.
Como Humanidade, evoluímos de uma condição de barbárie à constituição de diversas civilizações bastante inteligentes: hindu, africana, persa, fenícia, suméria, mesopotâmica, egípcia, árabe, asteca, maia, inca, grega, romana etc.
Da civilização grego-romana inventamos o modus vivendi judaico-cristão e desenvolvemos educação, tecnologia, capitalismo, destruição e o pecado. Enquanto o ciclo evolutivo desdobrou-se em incríveis máquinas que tudo fazem, retrocedemos em aspectos essenciais para a Humanidade, como sociabilidade, afetividade e cooperação.
Estabeleceu-se um paradoxo: na mesma velocidade em que evolui a racionalidade, involui a inteligência mais complexa, como capacidade de questionar, refletir, criticar a realidade. E transformar isso em solidariedade.
Nessa involução subjetiva e intersubjetiva, abre-se um campo fértil para plantio, cultivo, crescimento e colheita da ignorância, da imbecilidade, da mediocridade, da idiotice, da barbárie, do ódio, da violência e do rebaixamento cultural.
Como é uma arena de luta intercultural, pelo domínio das percepções, representações e interpretações da realidade, pelo menos, momentaneamente, os idiotas estão ganhando.
Ocorre que a luta não é justa. É desigual. Porque se digladiam a Razão e a Insensatez.
A Razão se apoia na Filosofia, na Ciência, na Cultura. Saberes construídos e em evolução há milênios. Por isso, preservam a Vida, a natureza, o ser humano e os outros seres.
A Insensatez se apoia na paixão, na sensação, na fofoca, na mentira, na informação superficial, na desinformação, na ignorância. Por isso, intencionalmente ou não propagam a morte. E isso é consumido com facilidade.
Pensadores, artistas, intelectuais, professores, cientistas são cuspidos da vida comum da sociedade e jogados na sarjeta da humanidade. E suas vozes clamam em vão diante de ouvidos moucos. Professores são achincalhados nas escolas e na sociedade.
Enquanto isso, prosperam: ignorantes, imbecis, idiotas, patetas, tontos, boçais, ineptos, estúpidos, tapados, bestas, “burros”, abestados. Em forma de jornalistas, “influenciadores digitais”, artistas, jogadores de futebol, religiosos pregadores do ódio, e até professores.
Por enquanto, os idiotas estão em vantagem. Até que a roda da Vida dê uma volta sobre si mesma e salte para um patamar mais evoluído. Nesse tempo, se a Humanidade ainda existir, poderá ver um tempo de bonança ou não.
Tancredo Lobo