A tecnologia tenta adaptar-se ao modo de vida de cada geração, essa é uma afirmação válida quando lida na virada do século passado, pois, antes do surgimento das tecnologias de manipulação de massa, era comum identificar o surgimento de tendências culturais orgânicas, que mesclavam o regionalismo, a música, o cotidiano e o conhecimento empírico, fazendo com que cada grupo de pessoas tivessem estilos únicos porém conectados por contextos em comum.
A mescla entre contextos é o que dá origem às novas culturas, costumes, celebrações, comidas etc, é o que garante essa singularidade de cada grupo, isso torna difícil identificar os padrões que dão origem às mesmas. A falta da identificação desses padrões inviabilizam o aparecimento de protestos culturais de massa, o que é visto como um problema para a indústria de manipulação do comportamento.
Para mitigar o problema da rotulagem de grupos culturais, os algoritmos da indústria da manipulação utilizam vastos bancos de dados que possibilitam identificar padrões no comportamento humano, com o objetivo de associar as necessidades básicas em comum às suas respectivas ações. Após a identificação desses padrões, se faz necessário a criação ou identificação dos gatilhos fisiológicos, capazes de serem disparados de forma repetitiva e incessante, dando origem à novas necessidades e a um novo e artificial contexto.
Uma vez criados, os novos contextos artificiais tornam-se as únicas realidades conhecidas para as futuras gerações, promovendo o encurtamento nos ciclos da evolução geracional e dando origem a novas versões de sociedades utópicas, vivenciando realidades paralelas capazes de flutuar por diferentes contextos, porém sem o devido pertencimento.
A cultura é o ponto de divergência entre a ciência humana e a exata, qualquer tentativa de manipulação do surgimento das manifestações culturais resultará na quebra do balanço natural da vida e consequentemente na evolução da sociedade, é a cultura originada de forma orgânica que garante um amanhã livre, controlado apenas pelo fluxo natural da existência do ser.